quarta-feira, 19 de setembro de 2012

... Joseph Allan Manson




 A canção dos surdos começa, poucos a ouvem, muitos a sentem, o Tom sustenido lhe deixa mais sombria, até as janelas serem abertas e vermos que o que ela descreve é o que estava lá fora, coberto por nuvens, cinzas, pesadas... 
O Olhar no espelho revela noites de pecados adolescentes, que ninguém ouviu ou viu, uma lembrança que talvez nunca existiu, o cabelo embaralhado como a memória da própria existência, que também se perde entre as fortes dores carnais. Quanto mais alto o pianista prosseguia com sua horrorosa canção, objetos espectrais rodavam em volta de todos ali presente. e a neblina surgia tanto no teatro das sombras quanto nas mentes que se torturavam com o escuro sufocante e gélido. Em leve efeito gravitacional andava entre becos de suas antigas fotos, mas essas malditas realidades cortadas e omitidas, escondiam árvores as quais corpos balançavam com o vento amarrados com cordas que dizem que o próprio demônio fez. 
A velocidade da música aumentava, como um trem desgovernado em direção ao precipício, tão sádico quanto dramático, notas afiadas atravessando tímpanos limpos de qualquer sanidade. O enredo em um todo, é tão macabro, mas ao mesmo tempo tão provável. Algo invisível em todas as rotinas, um medo que só aparece quando a vemos, sim, a ceifadora, ela não deixa ninguém escapar, 
Ao final de tal concerto lírico, pasmados, esquecem aonde estão, esquecem suas crenças, se perguntam quem são e para onde vão, sim, a sanidade os abandonou, agora são corpos que vagam, que seguem a rotina imposta por uma sociedade sem intuitos liberais, apenas vestido com o que mandam, e marcado por números, os malditos números, perseguindo a todos em qualquer esquina, ou beco.
No final, todos estão ali, do outro lado do espelho... Manipulados por uma vida distante da vida real.



.... Joseph Allan Manson 

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