segunda-feira, 30 de julho de 2012

Ciclo negro



Naquele velho espaço de vidro, que dividia o seu mundo do mundo alheio, ele via toda a dor em cabeças baixas, poderia descrever uma vida inteira apenas sentado em sua velha prisão, o lugar que o manteve longe de toda a loucura, mas também de toda a coragem de viver sob a luz, o lugar que presenciou choros, desgostos, corpos, tantas dores e conflitos, que talvez se torne um lugar manchado em sua mente. O lugar onde o infortúnio pretendia começar um novo passado para poder se lamentar, um lugar frente a uma árvore cheia de mistérios sobre sua vida e existência, um lugar cheio de gritos, um lugar de um homem assombrado que dizia conhecer o azul do céu, mas nem a cor de sua raiva ele sabia ao certo. 
Suas palavras eram seus rastros, era tudo o que o descreverá futuramente, quando o fim não for mais a surpresa, e sim seu amigo. 
Aquela cidade, onde todos os dias eram chuvosos, e todas as cores se baseavam em uma enorme escala de depressão, era dona de uma maldita moradia que sustentava histórias que foram contadas tendo como testemunha apenas suas paredes podres. Crianças sorrindo em quadros que de tão velhos criam camadas de poeira, uma vaga lembrança quando o sol os faziam confiantes. Um lugar difícil de deixar, onde ouro não valia tanto quanto o orgulho, onde demônios dormiam apreciando o pecado gritado, e ecoado pela solitária casa vazia.
Ele não se movia, não ficava aflito com o silêncio, nada mais estava em seu lugar, os olhos com aquela expressão de medo, ficaram fixados em um ponto no vazio, lágrimas caiam enquanto sorrateiramente o abraçavam por trás da cama. Com o corpo pálido, apenas apreciando a última lembrança, suas mãos já tremiam, e nem se ele tivesse forças ainda iria conseguir respirar dentro de sua cela. Toda a vergonha marcava sua pele cheia de histórias, todo o vazio se direcionando a uma de suas últimas pulsadas no peito, toda uma história trágica sendo traçada, para que toda a loucura seja compreendida e valorizada. 


quarta-feira, 25 de julho de 2012

O Incomodo



Me diga quem eu sou antes do fim, tome conta de meus desejos, antes que o silêncio faça isso, e tudo isso em páginas, não é uma nova história, são coisas como seu sorriso  e sua voz que guardei em minha mente, e a todo momento suplico por mais uma palavra. Todas as pessoas passando e não deixando nada para guardar, e de repente alguém quebra todas as minhas crenças, um minuto de silêncio, e depois disso nunca mais deixarei desviar o caminho. Uma nostalgia refletida em seus olhos, os olhos que viram meus planos pelo buraco da fechadura, e a todo momento os olhos que cuidavam de mim. 
Dentro de mim eu apenas estava desmoronando, me jogando em direção a solidão, mas depois que esse minuto passou, parecia que uma semana toda tinha rasgado a minha pele, parecia que toda uma angustia de uma vida tinha acabado. Toda a miséria expressiva e impregnada em minha face, tinha desaparecido assim como as sombras que dançavam em minha sala, e com apenas duas palavras de "Boa noite", pude ver a luz da Lua voltando para a minha janela, pude ver tudo queimando perto do fim, mas minhas memórias estavam naquela caixa em que guardei seu anel, e se algo me dilacerasse durante meu descanso, se todos os vidros se quebrassem perante a presença da velha ceifadora, se tudo isso acontecesse, eu ainda estaria segurando sua carta, botando toda a minha "Fé" nisso.
Aqui estou mais uma vez me expondo para suas, ou nossas, velhas fotos, dizendo que estou a beira de tudo, apenas me seguro nas lembranças e nas expectativas. Atualmente em união indefinida, pisando em todos os cacos de garrafas que quebrei, mereço todo esse sacrifício. 
As flores em volta de minha cama são tão coloridas que me deixam cego, essa "coroa" leva meu nome, tudo o que disse esta nas páginas, na mesa ao meu lado, fazia tanto tempo que não via essas pessoas, todos com a mesma cor, dizendo sobre coisas que eu fiz... É assim que vi meus amigos se despedindo, agora, por favor, me levante da cama de madeira, já estou ficando frio. 


domingo, 22 de julho de 2012

Velhos do amanhã




E se o seu amanhã realmente não existisse? Você tentaria concertar tudo hoje?
Você ajoelharia em cima de seu orgulho para saber se "Deus" vai te salvar? 
E se tudo isso não passar de uma farsa? Esses passarinhos seriam tão "Livres"?
E se pudéssemos atravessar o rio das vergonhas e quebrar toda a expectativa de uma "vida normal", vivermos acima das cores, e das dores, apenas de mãos dadas e relatando o que nossos olhos alucinados veem. E se toda essa crença tornasse nossos conceitos uma mentira? Mas talvez nosso conceito torne essa crença uma mentira, talvez o sol mude de horizonte, para um olhar mais atento do leste, para criamos novos relatos futuramente marcados em nossas peles. 
A irmã mais nova atrás da porta, enquanto nos tornamos jovens depois de mais uma dose, a sensação doce da anestesia nos acompanha agora, e a noite nos deixa na primeira calçada que caímos. Ainda não sei como me coloca nos trilhos, sei que de olhos fechados sigo meu instinto, como se algo me chamasse, e me tirasse da monótona morte. Já andei tantas vezes por aqui, já me perdi em tantos círculos que já nem sei como voltarei para o início, e talvez dessa vez eu desista no meio dos trilhos de garrafas, e mantenha o foco na curva que tantas vezes me vi aflito e cercado por covardia. 
As futuras mãos enrugadas apontarão para recortes em revistas, para ideologias revolucionárias. Perto de mais um dia sem saída, perto de mais uma porta sem rumo, talvez mais perto de uma palavra que atingirá a próxima vida, uma palavra que matará o próximo medo, e que fará todos os conflitos internos serem expostos perante o espelho reflexivo dos olhos de uma nova chance de mudar.
Corpos morrem, ossos se quebram, mas ideias nunca se vão.


quarta-feira, 18 de julho de 2012

Quando a sua certeza se torna o seu "Talvez"




Aonde foram aqueles olhos brilhantes e cheios de confiança?. Morreria para saber por que as coisas se encontram e se desencontram tão rápido, tantas perguntas para fazer e tantas aflições que destroem planos de meses. Quando pergunto aonde esta, deveria saber primeiro quem se tornou, algumas coisas ainda se prendem na minha garganta. Coisas que disse tarde, e outras que disse cedo, e se a impulsividade que te traz, for a mesma que te joga para longe? 
Na penumbra do lado esquerdo do meu quarto onde você se deitava, aquele canto onde a luz é tímida e os sons são baixos, aquele mesmo canto ainda tem o mesmo cheiro e o mesmo sonho. As flores do lado de fora acompanham os medos, me mostrando sentimentos que não posso negar, alguma coisa se perdeu enquanto eu dormia, ou enquanto fazia planos para a próxima etapa me preparando durante anos, e hoje parece que nada mais meu entra em sua cabeça. Eu sei isso dói, mas vou tentar continuar e a sorte parece estar do lado errado da mesa. Embaixo da lua ainda existe a grama marcada de quando nos beijamos, pela última vez nessa semana vencerei meu orgulho, mas não pule para trás, eu sei a verdade, mas não sei como encontra-lá , pois as aranhas fizeram teias de medo, e minha esperança de te tirar dessa máscara fica enroscada junto a todas as suas inseguranças.
Assim como sua presença em suas verdades se tornou irrelevante, eu me torno invisível para o passado, e em um momento covarde me lembro de toda a verdade, toda a vergonha arremessada em meu espelho, e toda a certeza de minha própria existência se torna fútil e vazia. E com tanto ódio me pergunto aonde soltei a sua mão, pois ninguém me ouviu gritar para me ajudar. 
As canções nunca mais se completaram, nem a face é a mesma, e o tempo parece menosprezar a saudade que se instala em meu peito, e que da vontade de me atirar rumo ao desconhecido para reencontrar o velho amor já conhecido


terça-feira, 17 de julho de 2012

Te encontrei?, Ou te perdi? (Novamente em círculos)



Andei durante dias, apenas no meu quarto procurando por seus rastros, por um minuto juro que havia algo seu em meu travesseiro, mas nem o telefone mais com sua voz é possível ouvir. Eu achei uma saída para meus crimes, mas em algumas situações fico com medo de soltar sua mão, e me desculpe se gritei muito alto, achei que já não podia me ouvir... Sinceramente, nem eu me suporto mais, e talvez seja certo atropelar tudo o que construí com convicção e lágrimas, intendo porque fui deixado como uma pedra no caminho, mas uma vez seu veredito está correto senhor "Destino". 
Assisti meu cigarro queimando enquanto sentia você me deixando suavemente com um olhar, estou certo que é algo puro, mas agora, como você me ouvirá? 
Pise mais um vez em todo meu orgulho, se afogue em meus sentimentos, mas me mostre como viver, me ensine a ver o Sol, pois, desde que me deixou nessa pedra isso se tornou meu lar, mas não sei se algum dia a pedra que deixou dentro de mim voltará a ser algo tão importante. 
Talvez suas malas, com novos adesivos e lembranças tomam mais espaço em seu quarto do que tudo o que eu te disse. 
E hoje, me vejo banido de seus sonhos, e não acredito em mais ninguém, volto para nossas velhas pinturas, que não são tão velhas. E amanhã, talvez realmente seja um novo dia para voltar, ou começar o que não terminei, e todos essas coisas que perdi com o tempo, todas suas penas angelicais, sei que não vou recuperar, e nenhuma lágrima voltará, mas posso tentar não ficar em silêncio, posso ser o circulo em volta de seu dedo, ou a salvação em suas páginas, posso te acompanhar em cada estação, mas quero saber se ainda posso ser, o que você sempre quis que eu fosse.



quarta-feira, 4 de julho de 2012

Ideias alteradas



Já andei por lugares tão frios com neblinas que não me deixavam ver meus pés, olhava para a minha vida e via a morte rindo, e talvez eu só fosse resolver essa dor quando parece de falar e agir, eu realmente me senti  sozinho, e apenas a fumaça subindo era a companhia dos túmulos de fotos que cercavam minha cama. Noites assim nada lembram os dias ensolarados, que eu parecia estar mais vivo, mais uma tentativa para voltar no tempo e perceber que ainda queria estar vivo, em frente aos seus olhos fragilizados pela luz forte, sou apenas a sombra de um jovem, e sangue sobre os meus braços mostram a vergonha que senti de andar nessas ruas assombradas, antes das 23 estarei com meu velho cigarro rezando para poder ver novamente eu e você. 
Seu cabelo bagunçando sob meu peito com enigmas de dias que vivi, espero que abra a mente e veja o que realmente aconteceu com o que restou de nossas esperanças. Nem as estrelas que o Universo nos proporciona ver brilham mais que sua vida, não sei porque mas "Deus" deve estar contra nós, desculpe, mas ainda acho que as estrelas não morrem, acredito que os dias vem e vão e elas nos observam e invejam a nossa fé em meio as guerras. Acredite em você mesma, sou apenas um prisioneiro das vaidades, e amanhã posso não abrir mais os olhos.
O solo de guitarra vai acabar antes do cigarro, a lua cheia é quem me guia quando as garrafas estão do seu lado da cama, novamente me vejo no reflexo de poças, seguro forte todas as lembranças afinal essa rua escura também suga minhas felicidades. A fumaça mais forte sobe pra perto das estrelas, e na minha mente segredos se alteram, e voltam, me mordendo mais uma vez sozinho, como você mesmo em explicou a pior parte é se despedir, mas meus braços estão abertos para mais uma semana de espera.