segunda-feira, 9 de abril de 2012

Um terno bem passado



Como saber quando o verão passar? Meus brinquedos de plástico ficarão a merce do frio do inverno? Como tudo na minha vida, minha idade também voa, somos prova de que já me perdi, troco revisas por jornais.
Nada como uma vida injusta, nada como coisas de "gente grande" para entediar um vida "ex-feliz". Agora tomo decisões pelas ruas, me questionando quando realmente anoitece, me torno uma pedra nova a cada mês, agora não me sinto mais como um pássaro. Agora sou um velho gato gordo, que assisti suas fotos de garoto, com seus longos cachos infantis, um gato gordo que viu sua vida passar como passa um barco pelo porto.
Não há mais tristeza, não há mais felicidade, há busca material. há frieza em acordar cedo. Se foram as brigas em bares de bêbados, canções sobre como é deprimente viver, se foram as risadas em amigos. Cada um se fechou em seu mundo, com suas responsabilidades...
Como um velho andando pelas ruas, procuro uma nova realidade, passos leves, lentos, amedrontados. Agora quebro as asas dos meus sonhos, sei que meus crimes estão na rua de trás, sei que quando voei, dei um passo a mais do que pude, um sonho americano acelerou do meu lado, me perguntei se tendo um daqueles seria feliz de volta.
O velho biscoito da manhã com o copo de leite, deram lugar para o frio café e o cigarro na mesa. Choro no espelho ao ver a destruição em minha face, quer dizer, queria chorar, pois essa "habilidade" o tempo também fez questão de levar, deixou uma máscara de pedra qualquer... 
Nem mesmo o sábado se salvou, meus policiais de plástico ainda estão no canto, ao lado direito da prateleira, em cima dos livros grossos os quais nem me orgulho de ter lido. O peixe do jantar estava bom, mas se eu não tivesse naquela mesa sozinho... 
Ficar acordado vendo o dia amanhecer com umas garrafas de cerveja não é mais "tão perigoso". Será que errei a hora? Será que o fim está mais perto? 
Sei que tudo o que fiz, guardei com fotos cerebrais, algumas deixo pra lá, outras daria tudo para ver de novo, e de novo...
E o tempo tão democrático e frio, apenas mais coisas arrancará de mim...


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